Eclipse parcial encanta na orla de Porto Alegre
03/07/2019 09:08 em Em geral

O chimarrão do fim de tarde, para os microempreendedores Juliano Pedó, 34, e Viviane Santos, 28, ganhou uma paisagem diferente nesta terça-feira, com o eclipse solar visível da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre. Mesmo com o vento frio e algumas nuvens no céu, o espetáculo pode ser conferido com detalhes. “É muito bonito. Temos o mais belo pôr do sol do Brasil, com esse plus que é o eclipse, fica ainda mais encantado”, falou Viviane. Professores, alunos e pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) estiveram no espaço e forneceram filtros para que as pessoas pudessem assistir o sol desaparecer – parcialmente e por alguns minutos – enquanto a lua se movimentava ao redor da terra.

Por volta das 17h já era possível ver a sombra. Havia algumas nuvens do céu, que não atrapalharam em nada. Foram cerca de 15 minutos de duração com pelo menos 75% do sol coberto. Segundo o Observatório Nacional, a capital gaúcha foi o lugar do Brasil que teve maior visibilidade do momento da passagem. Florianópolis, em Santa Catarina, teve visibilidade de 60%. O eclipse total pode ser visto no Chile e também na Argentina. O professor do Instituto de Física e diretor do Observatório Astronômico da Ufrgs, Alan Alves Brito, explica que o fenômeno não é raro e que eles ocorrem com frequência.

“Na verdade, todo evento astronômico atrai as pessoas. A astronomia é fascinante, ela traz as grandes perguntas de quem somos, de onde viemos, para onde vamos. Atraem crianças, jovens, adultos e idosos”, expressou. A instituição levou até as margens do Guaíba telescópios e filtros que foram distribuídos para o público. “Nunca podemos olhar diretamente para o sol, porque pode haver dano na nossa visão. Para explicar o que ocorre, trouxemos maquetes, além de alunos e técnicos da universidade.”

O casal de estudantes, Douglas Rodrigues, 20, e Isadora Braga, 22, estava passeando e aproveitou para ver o fenômeno natural. A mochila virou travesseiro enquanto os dois observavam o fenômeno. A dona de casa Silvana Valduga, 53, sempre caminha na orla no fim de tarde acompanhada da cadela Laila. “Hoje foi um momento diferente, enche nossos olhos todo esse encanto”, opinou.

Para a ciência, o evento se tornou ainda mais interessante e raro porque a sombra projetada na Terra passará pelo observatório La Silla, no Chile, um dos mais importantes do mundo, localizado a uma altitude de 2,5 mil metros, livre das luzes da cidade. As imagens da coroa solar, de acordo com os pesquisadores, poderão ajudar a avançar os estudos sobre a atmosfera, ventos solares e forças gravitacionais, entre outros. É a terceira vez em 50 anos que um eclipse passa por espaços com grandes telescópios. Em 1961 foi na França, no L’Observatoire de Haute-Provence. Já em 1991 foi no Havaí, em Mauna Kea. “A observação e registro são importantes para o estudo da coroa solar, cujas características não são totalmente compreendidas e o comportamento é importante para prever o clima espacial”, explicou o pesquisador do Observatório Nacional, Eugênio Reis.
 

Fonte: Correio do Povo

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