A venda de gasolina no Rio Grande do Sul ficou no vermelho em 2018. Entre janeiro e dezembro do ano passado, o volume de combustível comercializado caiu 3,7% na comparação com 2017, para 3,46 bilhões de litros, indica balanço da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com o resultado, os negócios no Estado retornaram ao nível de 2016, período marcado pela recessão da economia nacional.
O levantamento contempla vendas efetuadas pelas distribuidoras aos postos. Conforme a ANP, o Rio Grande do Sul apresentou recuo inferior, em termos percentuais, ao verificado no país. Em 2018, a comercialização de gasolina no Brasil teve tombo de 13,1%, fechando em 38,35 bilhões de litros, o menor volume desde 2011.
Presidente do Sulpetro, que representa os postos gaúchos, João Carlos Dal'Aqua avalia que a queda pode ser explicada por fatores como a greve dos caminhoneiros, em maio, e a elevação no preço acumulada ao longo do ano passado. Entre janeiro e dezembro de 2018, o valor médio do litro da gasolina comum subiu 2,9% nos estabelecimentos do Estado, na comparação com 2017, aponta a ANP.
– A greve dos caminhoneiros foi decisiva. O consumidor passou a ter comportamento mais racional na hora de comprar. Antes da greve, não imaginava que poderia faltar combustível. A paralisação também fez o preço subir. Além disso, aplicativos de transporte estimularam o uso compartilhado de veículos – observa Dal'Aqua.
Sócio-fundador da consultoria MaxiQuim, João Luiz Zuñeda acrescenta que dificuldades deixadas pela recessão, como alto nível de desemprego, também fizeram as vendas engatarem marcha a ré.
– Em qualquer lugar do mundo, o consumo de gasolina envolve poder aquisitivo. O ano passado foi marcado por preço elevado e alto desemprego – analisa Zuñeda.
Preço menor pode estimular retomada
Apesar do resultado negativo das vendas em 2018, analistas lembram que o valor cobrado pela gasolina nas bombas abriu 2019 em baixa, o que pode trazer alívio e aditivar o desempenho do setor. Nos postos gaúchos, o valor médio do combustível caiu para R$ 4,313 entre 27 de janeiro e 2 de fevereiro. A marca é a menor em 58 semanas. Ou seja, desde dezembro de 2017. Na Capital, já é possível encontrar o litro a menos de R$ 4.
A recente redução nas bombas espelha a acomodação no mercado internacional do preço do petróleo, calculado em dólar, que também passou a cair após as eleições no Brasil. Conforme política adotada pela Petrobras em julho de 2017, a commodity serve de referência para a estatal fixar valores de combustíveis. Dal'Aqua projeta que, no curto prazo, o preço da gasolina poderá sofrer novas baixas, mas pondera que o setor segue sujeito ao cenário internacional.