Arena, historicamente, é um local de duelos entre guerreiros. A primeira final da Libertadores, disputada na noite desta quarta-feira, 22 de novembro de 2017, na Arena do Grêmio foi um exemplo dessa tradição. Grêmio e Lanús protagonizaram uma partida disputada metro a metro de gramado. Sem dar espaço ao adversário.
Marcação dura, forte. Como uma final de Libertadores tem que ser. E em final também é preciso ter estrela. Grohe tem. Fez dois milagres. Renato tem. Ele fez duas substituições que definiram o jogo. Colocou Cícero e Jael. No lance que originou o único gol do jogo, Jael, de cabeça, ajeitou para Cícero que tocou para o fundo das redes.
Na próxima quarta, em Lanús, na Argentina, no estádio La Fortaleza, o Tricolor precisa de um empate para sagrar-se tricampeão da Libertadores da América. Os argentinos, se quiserem ter o privilégio de levantar a taça pela primeira vez necessitam da vitória.
É verdade que o Tricolor, dono da casa, tentou se impor no começo do jogo. Jaílson, Arthur, Ramiro e Luan marcando em cima. Tentando sufocar a saída de bola do Lanús. Pelos lado do campo, Edílson e Cortez tentavam fechar os espaços para evitar os contra-ataques pelos flancos. Porém, faltou objetividade ao Grêmio. A troca de passes não teve a mesma velocidade e efetividade de outras partidas. O Grêmio tentava com Luan, sempre marcado em cima. O meia-atacante gremista se livrava dos marcadores, quando não era derrubado e tentava lançamentos para a área. Aos 9 ele recebeu na entrada da área, driblou dois e cruzou. Andrada se antecipou e ficou com a bola. Aos 17, tentou arriscar um chute. Ele dominou pela esquerda, carregou, mas chutou muito embaixo da bola. Passou longe do gol de Andrada.
O Lanús, sem se sentir ameaçado, foi, pouco a pouco saindo de trás. Num lance aos 6 minutos, Ramiro errou um passe perto da entrada da área. A bola ficou com o perigoso Acosta. Ele serviu Alejandro Silva que não conseguiu dar sequência.
Os argentinos não tiveram pressa. Foram avançando e bem seguros atrás. Bem posicionada, a zaga do Lanús levou vantagem em todas. O único que destoou no time argentino foi o goleiro Andrada. Ele protagonizou pelo menos duas "lambanças". Uma aos 26 e outra aos 44. Na primeira, tentou sair jogando e errou. Pena que Ramiro não conseguiu chutar. A outra foi aos 44. Ele tentou sair jogando, errou feio. A bola ficou para Arthur. O volante gremista bateu rasteiro e fraco.
Porém, do meio para a frente, eles melhoraram e tiveram duas oportunidades reais. MTrocavam passes com categoria e sem pressa. arcelo Grohe fez dois milagres. Aos 33, numa boa jogada de Martínez, que recebeu passe do atacante Sand, fazendo jogada de pivô, e chuto cruzado. Grohe se esticou todo para fazer a defesa. O Lanús, a esta altura, envolvia o Grêmio.
A Arena sentia e tentava, timidamente, entoar seus cânticos, tremular suas bandeiras. Aos 39, após escanteio, o lateral Velázquez subiu no terceiro andar, livre de marcação, e mandou como se deve: cabeçada forte para baixo. Marcelo Grohe fez uma defesa monumental. Se esticou todo para tocar na bola. A Arena, com mais de 55 mil torcedores, ficou em um silêncio ensurdecedor.
O time e a torcida foram se recuperando aos poucos. O último lance do primeiro tempo foi do Grêmio. E gerou reclamação. Ramiro entrou a drible na área e sofreu carga. A Arena pediu pênalti. O juiz mandou seguir e nem fez menção de usar o árbitro de vídeo. Renato reclamou demais.
Na segunda etapa, o mesmo script. O Grêmio adiantando a marcação. Tentando encurralar o Lanús e atrás de uma brecha. Cortez, aos 13 minutos, arriscou de fora da área. Andrada se esticou todo e com a ponta dos dedos mandou para escanteio. Um pouco antes, Luan, chamando o jogo fez fila driblando quatro marcadores. Ele tocou para Arthur que não consegiu dar sequência. A torcida, meio tímida e receosa, tentava crescer e ajudar o time. O Grêmiou montou um bloco, ocupou o campo de ataque. Geromel, aos 17, cruzou na medida. Jaílson subiu bonito, mas mandou pra fora. O goleiro do Lanús já estava batido no lance. O Lanús, quando pegava a bola, cadenciava, trocava passes, mas sem acelerar as jogadas. O objetivo estava claro: fazer o tempo passar, enervar o Grêmio e dar a estocada fatal.
O Tricolor, consciente, mantinha sua linha defensiva atenta, apesar de Kannemann ter feito um jogo abaixo do seu habitual. Tanto que levou amarelo, num lance confuso, é verdade. Com isso, está fora da segunda partida da decisão. O time de Renato, bastante nervoso na beira do campo, tentou com bolas alçadas, uma vez que pelo chão a defesa do Lanús não errava nada. Jael, que entrou no luga rde Lucas Barrios, aos 33, arrancou com a bola e arriscou. O chute saiu fraco. Andrada soltou, mas conseguiu se recuperar.
O Grêmio foi para o abafa. Numa destas bolas alçadas. Edílson mandou pra área, Jael ajeitou e a bola sobrou para Cícero com o bico da chuteira, tirar de Andrada e a bola entrar no cantinho: 1 a 0. Explosão na Arena. Ferrolho aberto. Tricolor na frente. Depois disso, paralisações, catimba e empurra-empurra. No último lance da partida, Jael é derrubado dentro da área. Os gremistas pedem pênalti. O juiz não marca e logo em seguida encerra o jogo. Confusão, troca de empurrões. Uma mostra do que será o jogo de volta.
A verdade é que, apesar do 1 a 0, não tem nada definido. São dois grandes times. A única definição é que conheceremos o novo campeão da América no próximo dia 29, em Lanús, na Argentina.