A demolição da Kiss começa a partir de 15 de setembro. Será manual e com uso de máquinas, conforme a prefeitura, e deve levar pelo menos 30 dias.
A implosão é inviável porque as paredes são geminadas a prédios vizinhos.
O processo começa em 21 de agosto, com o lançamento de plataforma na internet para arrecadar recursos, por meio de crowdfunding (vaquinha online), para a realização de concurso público do projeto do memorial a ser erguido no local.
Segundo o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), que organizará o concurso, são necessários R$ 150 mil (o ideal seriam R$ 250 mil), divididos em premiações aos primeiros colocados e outras tarefas (leia entrevista na página ao lado). Cada escritório deve apresentar um estudo preliminar de projeto arquitetônico e paisagístico. Uma comissão julgadora composta por arquitetos do IAB, pais e prefeitura irá escolher o vencedor, com anúncio até 15 de dezembro. Pelo cronograma sugerido pelo instituto, a inauguração do memorial está prevista para dezembro de 2019.
Nos dias 1º e 2 de setembro, o IAB fará em Santa Maria um seminário para apresentar aos pais modelos de memoriais pelo mundo: como o do 11 de Setembro, em Nova York, e o santuário em homenagem aos 194 jovens que morreram no incêndio na boate República Cromañón, em Buenos Aires, em 30 de dezembro de 2004. O prefeito, Jorge Pozzobom (PSDB), promete que até o quinto aniversário da tragédia, em 27 de janeiro de 2018, o local estará limpo. A ideia é que, após a demolição da Kiss, seja plantada grama, e as paredes ao redor, pintadas de branco.
— Depois de escolhido o projeto, vou me atracar no telefone em busca de parcerias para financiar a obra do memorial — afirma Pozzobom.
Cada pai, amigo, autoridade em Santa Maria tem uma ideia diferente para o local de homenagens. Por isso, o processo de escolha não será simples. Presidente da AVTSM e pai de Augusto,
20 anos, Sérgio Silva gostaria que não fosse apenas uma praça. Ele teme que, com o tempo, a área facilite a ação de vândalos e consumo de drogas ou, pior, seja esquecida pela comunidade.
— Imaginamos um local com função social. Quem sabe um prédio para atender adolescentes, com ginecologia, auxílio psicológico, centro de referência? E uma placa com os nomes ou as fotos dos jovens vítimas. Mas tem de ser algo que faça girar pessoas por ali — sugere.
O teto rebaixado, onde ficava a espuma tóxica, foi removido, elevando em cerca de um metro o pé direito da boate e aumentando o aspecto tétrico do prédio. Bem diferente do que Flávio imagina para o futuro:
— As pessoas tinham a ideia de que vamos construir um mausoléu pra lembrar aquela desgraça. Não! A gente não quer um memorial só para lembrar a morte de nossos filhos. Queremos que sintam uma transformação para vida.