A Polícia Civil deflagrou ao amanhecer desta quinta-feira uma ofensiva contra a facção que montou um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas através de barbearias e restaurantes. A organização criminosa praticava ainda a extorsão de moradores de um loteamento de Viamão. Conduzida pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro (DRLD) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), a operação Xerxes mobilizou cerca de 250 agentes.
Houve o cumprimento de 54 mandados de busca e apreensão e outros 10 mandados de prisão preventiva, além do bloqueio de contas bancárias de mais de 65 investigados e do sequestros de 34 veículos e 17 imóveis, avaliados em mais de R$ 7 milhões, em Porto Alegre, Viamão, Novo Hamburgo e Canoas, além do Rio de Janeiro (RJ). Ao menos dez suspeitos foram presos. Entre eles estão apenados e os três sócios de uma rede de barbearias.
A investigação, coordenada pelo delegado Filipe Bringhenti, apurou que criou uma associação para extorquir cada um dos moradores dos cerca de 600 lotes. Eles eram obrigados a pagar uma “mensalidade” e quem não fizesse acabava sendo ameaçado, agredido e expulso da comunidade. Segundo a diretora do Deic, delegava Vanessa Pitrez, a facção teria arrecadado cerca de R$ 33 milhões em 30 meses.
"Trabalhamos em dois aspectos que são de extrema relevância para o combate e atenção à criminalidade do Estado do Rio Grande do Sul. Trabalhamos contra a lavagem de dinheiro, visando a desestabilização financeira de uma organização criminosa de grande expressividade no cenário do crime organizado e do tráfico de drogas, e também atacando os crimes correlatos que ela pratica", afirmou a delegava Vanessa Pitrez.
O trabalho investigativo apurou que os valores das extorsões eram depositados depois nas contas da associação e transferidos sucessivamente para outras antes de chegarem ao destino final, que eram as próprias lideranças e empresas constituídas por elas ou por terceiros. O esquema utilizava sobretudo a rede de barbearia, com sete franquias em Porto Alegre e uma no Rio de Janeiro, cujos proprietários ostentavam uma vida de alto padrão, com imóveis e veículos de luxo. Dois restaurantes, sendo um em Porto Alegre e outro em Novo Hamburgo, também faziam parte da engrenagem criminosa.
Fonte: Correio do Povo
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