MP prende quatro em nova operação Leite Compen$ado no interior do RS
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Publicado em 16/03/2017

Durante o desencadeamento da Operação Leite Compen$ado 12 nesta terça-feira, 14, foram presos preventivamente Claudionor Mognon e Henrique Alessi Pasini, que são funcionários da Laticínios Modena (nome fantasia Bonilé), bem como Eduardo Grave, proprietário da Indústria de Laticínios Rancho Belo, e o transportador Evandro Luis Kafer. Flávio Mezzomo, da Laticínios Princesul, foi orientado a não se apresentar ao Ministério Público e é considerado foragido.

Também foram realizadas buscas nas três indústrias, nas cidades de Nova Araçá, Casca e Travesseiro. A planta da Rancho Belo (que fabrica leite UHT integral envazado pela marca dos supermercados Dia%, além de leite, queijo e creme de leite da marca Rancho Belo) teve as atividades suspensas pela Fepam em virtude de irregularidades na Licença de Operação e inadequação de descarte de resíduos, entre outros. A previsão é que mais de 40 pessoas deem depoimento até o final da semana que vem, quando o MP deve apresentar a denúncia à Justiça da Comarca de Arroio do Meio.

O chefe do serviço de inspeção do Mapa, Leonardo Isolan, informou que será feita a rastreabilidade para indicar se há ou não problemas com o leite da marca Dia% e, assim que forem obtidos os resultados, as ações cabíveis serão adotadas. “Creme de leite e creme de soro são matérias primas para a elaboração dos produtos finais, o que significa que as ações estão cada vez mais preventivas; já que o índice de conformidade no produto final é de 99%”, apontou.

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Durante entrevista coletiva, os coordenadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – Gaeco Segurança Alimentar, promotores de Justiça Mauro Rockenbach e Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, explicaram que a ação é resultado de investigações que se aprofundaram a partir de outubro do ano passado. “Uma organização criminosa se instalou na região para fraudar o produto, especialmente na recuperação de leite já impróprio para consumo”, afirmou Rockenbach. Por sua vez, Alcindo Bastos informou que, na Princesul, foram localizadas 5 toneladas de queijo que haviam sido devolvidos por um laticínio de Maceió. “Os queijos estavam vencidos, impróprios, totalmente sem padrão, e a devolução de produto era algo comum, já que a própria rede Dia% devolveu muitas cargas em virtude de problemas com embalagem ou azedos, mesmo dentro da validade”, disse.

Conforme as investigações, foi descoberto crime organizado e de comercialização de produto lácteo impróprio para consumo humano (pela nocividade ou pela redução do valor nutricional) envolvendo as empresas investigadas. Dois dos alvos de prisão preventiva já haviam sido denunciados em outras operações do MP, daquela vez por sonegação fiscal milionária. Na prática, os três laticínios recebem e repassam entre si leite cru, creme de leite e soro de creme fora dos padrões previstos pela legislação brasileira. Muitas das cargas chegam a ser refugadas por outras empresas e acabam sendo comercializadas para estas indústrias. Alguns elementos da investigação apontam que carregamentos de leite que só poderia ter como destino a alimentação de animais foram usados para a industrialização de produtos de consumo humano.

FRAUDE NOS PRODUTOS

Em mais de dez Certificados Técnicos de Análise emitidos pelo Mapa realizados em leite cru, leite UHT e nata, o Lanagro detectou índices fora dos padrões. Conforme as investigações, os sócios-proprietários das empresas ordenavam a adição desses produtos para corrigir a acidez e eliminar micro-organismos, no intuito de “rejuvenescer” o produto já vencido, impróprio para o consumo. No caso da água, ela era adicionada para que o creme de leite duro, já amanteigado, fosse novamente amolecido e misturado a outras cargas em condições melhores. Os laudos realizados pelas próprias empresas eram mascarados, para que tanto a fiscalização quanto os compradores não visualizassem os problemas.

ASSESSORIA

A busca e apreensão na M&M Assessoria, contratada pela Laticínios Modena, ocorre porque, de acordo com relatório do Mapa, em grande parte dos postos de resfriamento e laticínios onde a empresa atuou, foram constatadas adulterações no leite cru in natura e derivados. 

Fonte: MP-RS

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